Como lidar com os efeitos tardios do tratamento do câncer

Muitas pessoas que passam por tratamento oncológico possuem o eventual risco de desenvolver efeitos colaterais tardios secundários ao tratamento.

O câncer surge no organismo, por exemplo, quando fatores externos ou alterações genéticas promovem situações, fazendo com que algumas de suas células adoeçam e se multipliquem de maneira descontrolada. Os tratamentos oncológicos têm como objetivo “atacar” essas células alteradas e doentes, mas , apesar do avanço da medicina em relação à doença, esses tratamentos ainda podem causar danos em células saudáveis e provocar efeitos colaterais, tanto durante o tratamento, quanto em períodos tardios.

A médica Patrícia Medeiros Milhomem Beato, oncologista clínica do Hospital Amaral Carvalho, explica que “o desenvolvimento cientifico e tecnológico busca impactos positivos tentando sempre minimizar efeitos colaterais.

Drogas e procedimentos aprovados em estudos científicos só são aplicados na prática quando os benefícios são maiores que os riscos, mas nenhum tratamento é isento de riscos”.

Vamos abordar neste artigo os efeitos tardios mais comuns, pontuando como o paciente pode lidar com os sintomas e até mesmo preveni-los.

Problemas cardíacos

Pacientes que receberam doses elevadas de quimioterapia, ou receberam radioterapia na região torácica, possuem maior risco de desenvolver doenças no coração. Os problemas cardíacos mais comuns são: insuficiência cardíaca congestiva e doença da artéria coronária.

Os principais sintomas são: dores no peito, falta de ar, desmaios e sensação de tontura, cansaço excessivo, hipertensão arterial, inchaço e fraqueza. Se houver algum desses sinais, o paciente deve procurar seu médico para investigar possíveis problemas cardíacos. Para manter seu coração saudável e prevenir eventuais doenças, siga uma dieta saudável, faça exercícios físicos, evite o sobrepeso e não fume.

Problemas pulmonares

A quimioterapia e a radioterapia também podem causar lesões nos pulmões. Os sintomas tardios nesse órgão podem aparecer como dificuldade respiratória, inflamação dos pulmões ou alteração pulmonar, como o espessamento da mucosa dos pulmões.Falta de ar e cansaço são os principais sintomas. Se identificar algum desses sinais, procure um médico. Manter uma dieta saudável, realizar atividades físicas, evitar o sobrepeso e não fumar são as principais formas de prevenir essas disfunções.

Ossos e articulações

Os tratamentos oncológicos podem causar alterações nos ossos. Identificar os primeiros sinais e fazer exames regularmente são atitudes essenciais para que o tratamento possa ser iniciado antes de possíveis agravamentos. Ao sentir dor ao realizar movimentos específicos, procure um médico. Os tratamentos mais utilizados para problemas nessas regiões vão desde reposições nutricionais, até exercícios de fisioterapia e, eventualmente, intervenções odontológicas.

Sistema endócrino

A quimioterapia também é capaz de causar alterações no sistema endócrino, podendo afetar a tireoide, ovários e testículos, afligindo o desenvolvimento sexual, reprodução e até mesmo a qualidade do sono e o processamento dos alimentos.

A radioterapia também pode danificar os ovários, provocando menopausa precoce. Homens que retiraram os gânglios linfáticos ou passam por radioterapia próxima ao rim, bexiga, testículos ou reto correm o risco de infertilidade.Para cada um desses problemas, há tratamentos específicos e ações que minimizam suas consequências. Para identificá-los, é preciso manter os exames de rotina sempre em dia e se atentar a dores, desconfortos e alterações no funcionamento do corpo.

Alterações na mente

Tratamentos quimioterápicos e de radioterapia na região da cabeça podem gerar problemas de comportamento e pensamento tardiamente. Os principais sintomas são: perda de memória, mudanças de personalidade, dificuldade de concentração e de processar informações e também problemas em realizar certos movimentos. Fique atento e caso tenha algum destes sintomas, procure um médico.

Visão e audição

Há relatos do aumento do risco de catarata devido à quimioterapia, terapia hormonal, imunoterpia e a medicamentos esteroides, tratamentos esses que também podem causar zumbido no ouvido e perda de audição.

Recomenda-se que as visitas a um oftalmologista sejam regulares e, ao perceber qualquer alteração na audição, um otorrinolaringologista seja consultado.

Segundo câncer

Embora seja rara, a radioterapia pode propiciar de forma tardia o aparecimento de novas lesões. A mulher que recebe esse tratamento na região torácica pode desenvolver de forma tardia o câncer de mama e alterações na pele. Já algumas substâncias que fazem parte do tratamento de quimioterapia têm sido fortemente associadas à leucemia como segundo câncer. É importante conversar com seu médico sobre possível risco de desenvolver um segundo câncer e definir quais exames farão parte dos seus check-ups, para rastreamento e prevenção.

Maneiras de prevenir

O paciente com câncer deve incluir na sua rotina exames periódicos de todo o corpo para assegurar sua saúde, ou mesmo um diagnóstico precoce de alguma complicação devida aos tratamentos pelo qual passou.

Muitos desses efeitos colaterais surgem a partir de processos inflamatórios. Logo, manter uma alimentação saudável, se livrar de maus hábitos como o tabagismo e o alcoolismo e praticar exercícios físicos com regularidade são atitudes essenciais para fortalecer o corpo contra essas predisposições. É importante ressaltar que mais de 40% dos casos de câncer estão ligados aos fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, a obesidade, alcoolismo, sedentarismo, deficiência nutricional, exposição solar em excesso e infecção pelo HPV. Portanto, adote um estilo de vida que te proteja desses fatores de risco.“O manejo de efeitos tardios é otimizado com o reconhecimento do problema, portanto fazer o acompanhamento oncológico corretamente e conversar com seu médico são ações fundamentais, bem como evitar maus hábitos (tabagismo e alcoolismo), ter atenção nutricional e praticar atividades físicas para o equilíbrio físico e mental”, completa Dra. Patrícia.

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